Walter lembro quando nos conhecemos em curitiba por um pouco tempo em 2015. Você poderia compartilhar um pouco sobre o estado da política no brasil nos últimos anos?
É bem difícil falar sobre a política do Brasil nos últimos anos, porque para falar sobre a atual situação acredito que é preciso traçar uma linha de raciocínio que vem antes do primeiro mandato do governoLula (2003 - 2007), é bem complexo...Mas em 2015, quando eu e você nos conhecemos, a presidenta Dilma Rouseff exercia seu cargo e seu segundo mandato pelo PT, e entre algumas controversas e vários avanços, aprovação de leis como a lei antiterrorismo sancionada no seu governo, que criminaliza movimentos sociais e já prendeu sem-terras e outras pessoas que foram enquadradas dentro do crime de terrorismo. Existem várias atribuições ao seu mandato que foram ruins.. e tantas outras que foram em prol do povo brasileiro. Dilma sofreu um impeachment baseado nas "pedaladas fiscais", após oimpeachment o governo de Michel Temer (PMDB) sancionou uma lei queautoriza esse tipo de ação.Ou seja... esse impeachment foi um golpe, na verdade. Um golpe
sorrateiro no governo e no povo brasileiro. Pura manobra de um governo atual que quer controlar o país do jeitoque bem entender, aliado com tantos outros partidos políticos que querem implementar leis absurdas. Leis que num futuro vão acabar com a
vida do trabalhador... Em meio as notícias de esquemas de corrupção, que permeiam a políticado Brasil, temos o ano de 2017 pela frente com esse governo golpista no poder. Um longo ano até as eleições de 2018. Mas a retomada de governos de que não procuram diálogo algum tem
acontecido no mundo todo não é mesmo? A eleição de Trump nos Estados Unidos foi um choque para todos. Esses governos que podem não parecer mas tem um diálogo que beira ao fascismo e ao separatismo. Parece que são os tempos de mudança, não sei... o caso do governo federal é extremamente decepcionante. Mas aqui em Curitiba por exemplo, nosso atual prefeito Rafael Greca (PMN) não busca diálogo algum e só está agindo conforme seus interesses, impedindo que a cultura de rua, a cultura popular, tenha espaço, diferente do gestor anterior Gustavo Fruet (PDT).
Mas é isso, acredito que seja uma conversa bem longa!
Quando estive começou a tirar os fotos?
Meu interesse pela fotografia começou em 2007 quando eu tinha 16 ano se morava em Penha - Santa Catarina, tinha uma compacta da minha mãe que usava para fazer umas fotos de trilhas, e de umas aventuras na praia. Depois eu passava horas da madrugada sentado na frente do
computador olhando sites como flickr e o trekearth. Em 2009 voltei para Curitiba e fiz um curso na Escola Portfolio, depois disso nãoparei de fotografar.
Fiz várias assistências para um fotógrafo de publicidade, o Dico Kremer. Aprendi muita coisa sobre luz com ele, toda noção de luz que tenho vem muito dessas trabalhos em estúdio. Aprender a reconhecer a luz e estudá-la foi uma lição valiosa, um tempo depois em 2012 quando entrei no Laboratório Ibiza, foi onde expandi o conhecimento em fotografia, via os trabalhos das pessoas que mandavam imprimir,estudava fotógrafos, luzes, composição, tratamentos... quando não tinha trabalho no laboratório eu ficava olhando negativos e arquivos
digitais dos fotógrafos que mandavam material para impressão, era divertidíssimo.
Quem é o r.u.q colectivo e como vc envolveu?
O R.U.A Foto Coletivo é um coletivo que surgiu em São Paulo durante as manifestações de junho de 2013 e prevalece hoje depois de 4 anos p sentimento de ir atrás histórias não contadas e criar contra narrativas, além do que o coletivo funciona para unir as ideias ebuscar novas propostas de interação com o público no modo de comunicar através da imagem. Difundir essa nossa fotografia prezando a comunicação, e claro,aprender mais e mais cada ano que passa. Eu me envolvi pela primeira vez em 2015, quando a Isa me chamou pra
cobrir a manifestação dos professores contra as medidas injustas do
governo estadual
É formado por Isabella Lanave, Rodrigo Zaim, Jardiel Carvalho, Tércio Teixeira, Felipe Paiva,Filipe Mendes e eu agora.
https://www.vice.com/pt_br/article/fotos-do-massacre-dos-professores-ontem-em-cwb
mas já acompanhava o trabalho do coletivo desde começo de 2014. Sempre admirei o trabalho da galera, e no final do ano passado eu recebi um convite para fazer parte! E aceitei, claro.
É muito bom sentir parte de algo maior, é assim que vejo o RUA, uma confluência de várias diferenças e possibilidades que podemos atingir como um coletivo.
aqui tem um video nosso da retrospectiva 2016
Tenho notado alot de grande trabalho (arte) saindo de curitiba. Você poderia elborate sobre o que está acontecendo?
Tenho notado muito trabalhos artísticos saindo de Curitiba. Você poderia falar sobre o que está acontecendo? Hmm. Isso é bem difícil hehe!
Eu não conheço toda a arte que sai de Curitiba, mas sim, aqui temos uma produção incrível em diversas áreas e vários artistas fantásticos!!
Na fotografia que é o pouco que sei, temos uma produção local que está com tudo e cada vez mais tem pessoas surgindo e realizando projetos de fotografia. Provavelmente frutos de anos anteriores e dos movimentos da cidade em prol da fotografia.
Acredito que aos poucos temos nos encontrado em workshops, exposições e eventos, é ótimo quando você conhece alguém com um trabalho de fotografia que tem consistência e não fazia ideia que essa pessoa era da sua cidade! É melhor o sentimento de construir pontes ao invés de
muros, acho uma besteira quando deixamos nosso ego subir e desvalorizamos ou nem sequer fazemos questão de olhar para o trabalho
de alguém próximo ou ainda de alguém que não faz parte do nosso circuito social.Agora abriu uma galeria nova de fotografia chamada Ponto de Fuga e eu acredito que isso irá fomentar ainda mais os encontros.
Influências?
É difícil falar das influências... são muitas. Uma das primeiras foi Trent Pake que me conquistou com o Minutes to Midnight, depois que
comecei a gostar um pouco mais de cor o Harry Gruyaert me pegou com Rivage e Maroc, fiquei fascinado pelo modo como eles encontravam a luz e criavam cenas surreais. Tem uns nomes que me vem a cabeça facilmente como a Carolyn Drake, Sim Chi Yin, Alejandro Olivares... fora os nomes brasileiros, que daí seria uma lista gigantesca de pessoas que admiro,incluindo vários amigos. Mas eu adoro pesquisar e querer conhecer o trabalho das outras pessoas, ainda tem vezes que passo horas só fazendo isso no computador..
Projetos
Sim, tenho um projeto chamado Regina que é sobre a minha avó paterna. Moro com ela desde 2013 e venha fotografando desde 2014, começou com o intuito de querer contar a ausência do meu avô paterno e como ela lida com a vida desde então, mas agora tem caminhado por alguns outros caminhos e estou aprendendo com o tempo como moldar essa história.
Um outro projeto recém começado depois que um amigo, o Tiago Coelho, me esclareceu um caminho que é sobre meu avô paterno Walter Oswald Thoms (sim, temos o mesmo nome), ele era o fotógrafo da família, tinha um laborátorio em casa e entre tantas outras coisas incríveis que fazia. Por enquanto tenho apenas esta foto que compartilho.
Tenho mais algumas ideias para dar andamento ainda este ano, uma deles que começou meio tímida ao passo que vou tateando as histórias é sobre conhecer o break dancing em Curitiba. A cena hip-hop na cidade é muito forte, e o break é um dos pilares dessa cena.
Existe um espaço que sempre foi usado e ocupado pelos dançarinos, que é o Shopping Itália, já são 35 anos de break em Curitiba e eu não fazia ideia!
Tenho tantas outras histórias que quero contar, mas acredito que o tempo que vai dizer como fazer.